Empobrecimento cultural da música brasileira.
- Por David Damico
- 29 de abr. de 2015
- 3 min de leitura

Atualmente, é possível observar nas escolas um empobrecimento cultural quando o assunto é música. Com isso, todos esses novos gêneros musicais de duplo sentido em suas letras, qualidade superficiais e também a velocidade com que eles chegam, podem influenciar de maneira negativa os nossos alunos. Portanto, vamos utilizar dos mesmos, fazendo com que elas funcionem de maneira positiva.
Sou da época que a criança passava o tempo brincando na rua, tocando a campainha do vizinho, soltando pipa, bolinha de gude, rodando pião, mas hoje os tempos são outros, a criançada tá trocando o Discovery Kids pelos shows de "cola a bunda no chão vai, cola a bunda no chão vai, cola a bunda no chão vai", estão trocando o leite com pera por energético com whisky, e outros, em grande número, até dançam sem ao menos saber o que realmente estão dançando.
É muito fácil somente criticar, falar mal das músicas, das danças que estimulam a sexualidade precoce, violência e outros. Se pensarmos assim, chegaremos à conclusão que retrocedemos e estamos revivendo na Idade da Pedra. Mas o que deve ser questionado é: quais são as estratégias que os professores podem criar para surgirem novos escritores, poetas, compositores, críticos? É possível que isso possa acontecer, pode não ser nessa nossa geração, mas nós, professores, e toda a sociedade não podemos deixar que esse aglomerado de palavras e comportamentos improdutivos se sobreponham diante do desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes.
Por exemplo, particularmente não me identifico com o ritmo funk, mas no nosso país o funk é uma expressão cultural. E como trabalhar o funk nas aulas de Educação Física de maneira saudável e inteligente? Posso oportuniza-los a conhecerem a realidade do funk. Como eram os funks mais antigos? Tinham uma outra perspectiva? Como ele surgiu? Na minha época, o funk passava uma mensagem com letras românticas e principalmente letras que mostravam a realidade social da comunidade e da favela. Hoje em dia não se vê mais isso. Eu gosto de Rock, arrisco dizer que sou apaixonado por Rock mas por favor, não vamos marginalizar o Funk ou qualquer outro ritmo musical porque isso já está sendo feito.
O rock nacional também já foi muito produtivo, quem não se lembra das letras da banda Legião Urbana: “Nas favelas no senado, sujeira pra todo lado, ninguém respeita a constituição, mas todos acreditam no futuro da nação, que país é esse?” E tantas outras. E essa letra do Poeta Renato Russo, ressalta uma crítica atemporal.
Acrescento que já levei meu violão para a escola, apresentei outros instrumentos musicais, estilos musicais, ritmos, e eles adoraram, muitos tiveram interesse em aprender a tocar o violão, e acredito também que através da música, nossos jovens possam aprender muito mais do que possamos imaginar, basta a sociedade entender melhor isso e levarmos a sério. Muita coisa tem que mudar, o próprio indivíduo que escolheu a música como profissão já foi chamado de vagabundo e as vezes ainda é chamado.
Nós, como professores, podemos levar outras culturas para as salas de aulas, dar a oportunidade de nossos jovens conhecerem coisas novas, já que a mídia e a própria família nem sempre permite isso. Desde então, não serão os educadores, enfim, a sociedade que vai limitar o acesso a nossa juventude. Se nós não dermos credibilidade, como eles mesmos vão acreditar em si próprios. Como educador, não adianta somente preparar as aulas, é fundamental nos colocarmos no lugar dos alunos e também dos pais dos alunos. Nossos alunos não são mais desinformados, a mídia, a internet vem facilitando o acesso a informação a cada dia mais rápido e esse processo é irreversível. Por isso, temos que pensar em como utilizar do que eles lidam. Ensinando, suplantando conhecimento, estamos aprendendo também.
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